Por Valmor Bolan
Doutor em Sociologia

As inovações tecnológicas fazem parte do nosso cotidiano e em poucas décadas a nossa vida foi incorporada por vários dispositivos técnicos que se tornaram indispensáveis, especialmente para a nossa comunicação. Tem trazido muitos benefícios e facilidades nas mais diversas atividades pessoais, profissionais, educacionais, no trabalho, no lazer e tantas outras mais. Mas há uma preocupação crescente de que estas inovações nos escravizem a um ritmo de vida cada vez mais artificial e nos desumanize, numa sociedade de economia digital, refém da tecnologia.

Os especialistas debatem sobre a regulação nesse campo, em meio aos tantos desafios da atualidade. O maior deles será como lidar com a Inteligência Artificial, e quais os efeitos de sua incorporação no nosso dia-a-dia. "A internet das coisas introduziu dispositivos inteligentes que agora estão presentes em casa para ajudar os usuários a gastar seu tempo com mais eficiência. Os assistentes de voz (Vas) estão crescendo rapidamente e penetrando nas residências em um ritmo acelerado", escreveu Thamiris Magalhães. E observa que muitos poderão "desenvolver ansiedade, numa tecnologia que exige cada vez mais rapidez, prontidão e eficiência. O dinamismo da tecnologia é incompatível com o do ser humano. Portanto, este acaba ficando mais impaciente em busca de uma resposta rápida para solucionar seus problemas do dia a dia". O grande desafio, portanto, é evitar que as inovações tecnológicas acarretem uma desumanização, em vários aspectos.

Nesse sentido, é importante que haja diretrizes bioéticas capazes de garantir esse equilíbrio, para que os avanços tecnológicos estejam ao serviço do ser humano e não o ameacem em sua dignidade como pessoa. Por isso é preciso promover cada vez mais o debate acadêmico sobre as inovações tecnológicas e também nos parlamentos, para que no campo legislativo haja proteção do ser humano quanto aos abusos na utilização dos dispositivos técnicos atualmente disponíveis. A ciência e a tecnologia devem promover o bem de todos, sem comprometer as características humanas de cada pessoa.